Editorial

8 de janeiro na memória

Um ano se passou e o Brasil, embora não totalmente pacificado, segue em frente seu curso democrático. Estamos em novo ano de eleição, com Executivo, Legislativo e Judiciário (na maioria das vezes) fazendo seus papéis. Hoje é aniversário do dia em que a democracia brasileira mais correu riscos e o 8 de janeiro deve ficar sempre na memória para que nos lembremos dos males que a polarização e os ataques ao sistema podem trazer.

A insatisfação com o resultado das urnas é do jogo. Para lidar com isso, trabalha-se. Se faz oposição, se prepara melhores estratégias para o próximo pleito e espera-se por quatro anos para tentar de novo. Não aceitar o resultado das urnas não é uma opção. A situação, obviamente, não surgiu do nada. Foi fomentada por políticos e lideranças que estimularam um desequilíbrio e a polarização que tanto custa ao Brasil, tanto em desenvolvimento, quanto em relações humanas. E, no fim, só quem ganha com isso é quem está com projeto individual de poder. À direita ou à esquerda.

As imagens de supostos patriotas tomando conta da capital federal entraram para a história e ficarão marcadas. Ver símbolos da pátria sendo destruídos, prédios que representam nossa estrutura nacional e objetos históricos sendo jogados ao chão certamente foi a coisa menos patriótica que vimos em muito tempo. Talvez em toda a existência da República. A matéria do caderno Estilo da edição de final de semana do DP traz onde está o patriotismo de fato, em servidores públicos que hoje se dedicam a arrumar os estragos feitos por vândalos.

Não gostar de um governo é natural. É do jogo. Todos têm esse direito. O que não pode é negar a vontade da maioria, mesmo que lhe cause extrema frustração. Ainda mais em uma fase tão polarizada da nossa democracia, em que nas últimas duas ou três eleições presidenciais, o eleito não teve uma maioria absoluta, ficando bastante próximo em porcentagem do candidato derrotado e com alto índice de abstenções, brancos e nulos. Ou seja, sempre tem alguém insatisfeito, mas não é por isso que nos tornaremos bárbaros enquanto nação.

Neste um ano, o diagnóstico é de que a democracia venceu e que a República foi fortalecida. Mas há que se trabalhar muito em memória para que cenas lamentáveis assim jamais sejam vistas. Toda oposição é bem-vinda e faz bem para a evolução do debate de ideias e projetos. Mas o vandalismo jamais pode entrar na jogada.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

A história do calendário - Parte 1

Próximo

Oriente Médio

Deixe seu comentário